terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Os Taxistas

OS TAXISTAS


O taxista que me levava ao hotel parecia bastante deprimido. Fiquei na dúvida se deveria puxar conversa. Mas achei que seria interessante ouvir o que ele tinha a dizer.
— O senhor é taxista há muito tempo?
— Oito anos.
— Gosta da profissão?
— Odeio.
— Por quê?
— Muitas horas na direção, trânsito horroroso, pouco dinheiro, passageiros muquiranas.

Bom, eu queria respostas, e obtive-as. Não havia mais como ajudar o taxista, se é que podia ajudá-lo de alguma forma.
No fim do dia, peguei outro táxi. Resolvi tentar novamente.
— O senhor é taxista há muito tempo?
— Seis anos.
— Gosta da profissão.
— Acho legal. Você trabalha quando tem vontade. Se quiser um descanso, é só tirar um dia de folga.
— Outras vantagens?
— Se você trabalhar muitas horas, ganha um bom dinheiro.
— O que mais há de bom?
— Nada de tédio.
— Como assim?
— De modo geral, os passageiros são interessantes; sabe, você fica sempre na expectativa.
— Dê exemplos.
— Outro dia, uma senhora usando roupão, e sem bagagem nenhuma, entrou no meu táxi e disse: “Pra o aeroporto”. Engraçado, não acha?

E o taxista continuou:
— Um senhor, com três malas e tacos de golfe, pegou o táxi pra ir apenas quatro quarteirões de distância. Ele estava se mudando de casa, não ia viajar pra lugar nenhum.
— Outro senhor entrou e disse: “Simplesmente dirija por aí. Eu aviso quando quiser voltar pra casa. Sabe, gostaria mesmo era de nunca voltar; mas sei que logo estarei mais calmo. Tudo o que
preciso é ficar longe dela um tempinho.

Quando chegamos ao meu destino, paguei a corrida, e dei ao motorista uma gorjeta mais generosa que o normal, e agradeci pelo transporte e pela conversa boa. Elogiei-o por ser o tipo de pessoa que acha coisas interessantes no trabalho diário.

Ele respondeu: “Bom no meu jeito de ver as coisas, cada pessoa decide se o dia toma conta dela ou ela toma conta do dia”.

 Uma filosofia interessante pra se aprender num táxi.



(Sword of the Lord)

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